Eram
07h45 e o vento soprava gelado. As árvores agitavam suas copas, que
contrastavam com nuvens carregadas. O dia nublado não oferecia um convite para
desfrutá-lo sentado ao pé da jabuticabeira, mas como não sou apegado a
formalidades, decidi me sentar sob as jabuticabas mesmo assim.
Peguei
um casaco pesado e um copo com café quente,
sentei na grama e apoiei minhas costas no tronco da árvore. Me preparei
para passar as próximas horas em silêncio, apenas ouvindo a prosa que o jardim
tinha para contar.
Passado
algum tempo, o quieto jardim abriu um belo sorriso amarelo: uma plantação de
girassóis saltou diante dos meus olhos chamando minha atenção. Observei cada flor e
reparei que todas estavam em suas posições originais, pois a ausência do sol as
deixava sem movimento. Todas, menos uma.
Entre
todos girassóis estáticos daquele dia grisalho, um se movimentava como se o sol
estivesse raiando. Intrigado, me demorei na contemplação do fenômeno inusitado.
No
começo da manhã, ao contrário de todos os outros, o meu girassol se inclinava para
o leste. Era lá que o sol lhe daria um beijo de saudação. Ao longo do dia, seguiu
o caminho que o Grande Astro faria até se despedir no oeste, repousando no
horizonte. Do oriente ao ocidente, aquela incrível flor percorreu todo o
trajeto solar ignorando o dia pálido.
Colhi
algumas jabuticabas e meditei ao cair da noite. A doçura das frutas me ajudou a
saborear aquela cena. Digeri a conversa e logo entendi seu ponto.
Nos nublados dias de chuva, o girassol fecha seus olhos e se
movimenta como se o dia estivesse raiando. Repete o mesmo movimento dos dias
ensolarados, ensaiando para o próximo encontro com o sol. É assim que mantém
sua raiz aquecida, num gesto de esperança.
Levantei-me e fui até a flor. Cuidadosamente arranquei o girassol da terra e plantei sua raiz no peito, para germinar um campo de esperança em mim. Um lugar onde eu possa colher o futuro. Agora ensaio movimentos de alegria mesmo nos dias tristes, porque aprendi a confiar que sempre há um próximo encontro com o sol.
Levantei-me e fui até a flor. Cuidadosamente arranquei o girassol da terra e plantei sua raiz no peito, para germinar um campo de esperança em mim. Um lugar onde eu possa colher o futuro. Agora ensaio movimentos de alegria mesmo nos dias tristes, porque aprendi a confiar que sempre há um próximo encontro com o sol.
Lucas Lujan
Que lindo, Lucas. Ter esperança no peito e atitude pra viver. ;) Gostei. Esperando o próximo post, aconchegante aqui ^^
ResponderExcluirDá uma passada no meu tbm, vou adorar te ver por lá:
http://flores-na-cabeca.blogspot.com.br/
Beijo'o
Obrigado! Fico feliz que tenha gostado. Volte sempre ;)
ExcluirBeijo!
:P
ResponderExcluirBeijo!
Uau! Muito bom! Estou me divertindo com o blog que surgiu inusitadamente na tela do meu pc!
ResponderExcluirOi, Marcela!
ExcluirObrigado! Que bom que gostou :)