Massas pré-assadas em forma de bolinhas, organizadas em
assadeiras. Ingredientes caprichosamente separados, prontos para o trabalho:
queijos, calabresas, tomates, azeitonas, cebolas, ervilhas, manjericão, brócolis, rúculas, berinjelas. Forno aceso, temperatura ideal. Estava
tudo pronto para a pizzaria abrir.
Essa era a rotina na pizzaria do meu tio, que acompanhei
algumas vezes. Eu adorava. Durante todo o período de trabalho eu sentia fome.
Não importava o quanto havia comido, queria sempre mais. Aquele cheiro de pizza
assando era mais sedutor que o bom senso do meu apetite.
Era uma pizzaria familiar. O pizzaiolo, outro tio. Eu o assistia
com admiração enquanto preparava uma pizza. Ele caprichava. Abria a massa com
força e determinação, depois espalhava o molho de tomate e então recheava. Sem
economizar. Ver o processo era saboroso.
Uma vez, já no fim da noite, ele perguntou se eu queria preparar
minha própria pizza. Eu flutuei de alegria por uns dez segundos até ele agarrar minhas pernas e me devolver ao chão. Se eu queria? Não tinha nada que
queria mais! Depois de vê-lo tantas vezes em ação, finalmente poderia
imitá-lo.
Ele foi o maestro me ensinando as primeiras notas. Fazia o
movimento e eu repetia. Primeiro abriu sua massa, e abri a minha. Passou o molho
de tomate, fiz o mesmo em seguida. Na hora do recheio, disse que eu teria que
fazer esse movimento sozinho. Pediu-me para imaginar a pizza mais deliciosa do
mundo e então inventá-la. Podia colocar o que quisesse, porque eu era o dono
daquela pizza.
Aquela noite marcou meu jeito de ver o mundo. Entendi o
motivo de Deus ter criado o universo e depois tê-lo entregue em nossas mãos.
Ele é o pizzaiolo. Fez tudo do melhor jeito para nos ensinar a fazer nossa
própria pizza. Deixou a massa e os ingredientes para usarmos segundo nossos
desejos na criação de nosso mundo.
Para criar pizzas, pizzaiolos usam farinha e fermento.
Para criar o mundo, Deus usou a beleza. Ensinou, assim, de
onde devemos partir para criar os nossos.
Cada um de nós tem um universo pessoal. Somos responsáveis
por criá-lo. O caminho é imaginar o mais belo de todos e então inventá-lo,
usando os ingredientes preferidos.
Lucas Lujan
lindo isso!! :)
ResponderExcluirObrigado! :)
ExcluirQue jeito gostoso de escrever... e de ver a beleza do mundo!!! Isso devolve a alma da gente, ou seja, anima a gente a querer fazer sempre mais belo e mais gostoso!!! Vou compartilhar seu blog!!! Obrigada...
ResponderExcluirObrigado por compartilhar!
ExcluirQue bom que gostou, fico feliz. Apareça sempre!
Que lindoooooooooooooo !!! adorei vontade de ficar aqui a noite toda Parabéns
ResponderExcluirObrigado, Fernanda! :)
ExcluirVenha sempre aqui.
Beijo
:)
ResponderExcluirCoruja.
Belo texto! :)
ResponderExcluirObrigado! ;)
ExcluirComo eu gosto desses seus textos sensoriais, onde a cada palavra, consigo sentir diversos cheiros e sabores ;D essa sim é a vida que eu acredito e quero viver. Falo exatamente a mesma coisa no meu último texto, mas usei o cinema como plano de fundo. Roteiristas ou Pizzaiolos, espero que possamos construir uma vida simples e leve, cheia dessas cores, formas e gostos. Parabéns, o texto está ótimo como sempre.
ResponderExcluirObrigado por ter vindo até aqui ler, amigo. Fico feliz em saber que gostou do texto. Tenho acompanhado o seu blog tb e gostado muito! Gosto das provocações que faz, continue.
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