terça-feira, 23 de abril de 2013

É errando que se aprende




“É errando que se aprende.” A despeito de toda a verdade desta sentença, o errante geralmente está ferido demais para colher o aprendizado - o que é muito compreensível, pois é preciso lamentar o erro e assimilar o golpe antes de aprender a lição.

Passado o lamento e assimilado o golpe, é hora de rever os pontos e aprender. Pois de fato é errando que se aprende. Contudo, a verdade mais profunda desta sentença está nas entrelinhas: mais vale a tentativa do que o resultado.

Ninguém nasce sabendo falar, é preciso tentar. Ninguém nasce sabendo andar, é preciso tentar. Como em praticamente tudo, as primeiras tentativas de fazer algo que não sabemos são frustradas, marcadas pelo erro. Mas não tem problema, é errando que se aprende: se tentarmos mais, certamente faremos melhor no futuro.

Trata-se de um elogio à tentativa. Elogio verdadeiro e necessário, pois estamos todos vivendo pela primeira vez e precisamos tentar.

Mais importante do que um bebê pronunciar a palavra “mamãe” corretamente, é tentar. É a tentativa que derrete o coração da mãe, não o acerto. E por força da metáfora acredito que com Deus, em relação a nós, acontece o mesmo. O coração de Deus não se derrete com palavras pronunciadas corretamente, mas ao ver seus filhos e filhas tentando falar. 

Precisamos aprender que errar não tem tanto problema assim, pois é próprio da nossa condição imperfeita e limitada. E que acertar também não é tão importante assim, é apenas um risco que aceitamos correr quando as chances de sucesso ainda não passavam de cinquenta por cento. A verdadeira virtude é tentar.

A contradição entre errar e acertar é uma tensão permanente, porque estamos em processo de formação. Ninguém nasce pronto, somos seres em devir. Somos produto do futuro.

Todos nós teremos vidas marcadas por erros e por acertos, desde que façamos tentativas. Parar de tentar constitui o verdadeiro problema, pois quem não tenta certamente não erra, tampouco acerta, e definitivamente não vive.

Quem tenta tem história para contar. Quem tenta tem erros para lamentar e acertos para se alegrar. Quem não tenta nem história tem, quanto mais erros ou acertos. 

Não somos definidos por nossos erros, nem por nossos acertos. Somos definidos pelas tentativas que fazemos ao longo da vida. São elas que verdadeiramente revelam quem somos.

Lucas Lujan

2 comentários:

  1. Penso mesmo que o que você fala no púlpito está diretamente relacionado com tudo o que você escreve aqui. Não diferencio. O pregador e o escritor são a mesma pessoa. E é exatamente por isso que curti demais ter lido esse texto, em específico. No meio evangélico se evita falar a respeito da importância das tentativas, porque isso pode abrir margem para que pessoas gozem desse direito sem sabedoria e com má fé. O resultado disso? Jovens frágeis. A superproteção que impede a criança de se machucar, é a mesma que sufoca a criança de viver. E experimentar a dor, a alegria, o suor e o sabor da vitória.

    O texto deixou bem claro que a questão não é "se você escolher tal caminho, você vai sofrer consequências". A questão é: escolha um caminho. Ponto. Lide com as consequências do mesmo. Ponto. Mas viva.

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  2. Oi, Elenita. Obrigado pelo comentário, somou muito ao texto.

    Acho que tem razão. Não adianta encurtar os limites para tentar evitar os erros. É preciso aprender a viver com os limites ampliados, mesmo que isso custe algumas cicatrizes.

    Um abraço!

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