A vida humana é
transitória e precária. Nela, nada é definitivo. As coisas estão sempre
mudando, se reinventando. Nada que vive é permanente. Nenhum
paradigma dura para sempre.
Tudo nasce e morre, renasce e morre novamente. Assim sendo, a fé também precisa morrer para poder nascer de
novo. Uma fé que não morre não abre espaço para geração de vida nova.
A ressurreição de
Jesus aponta exatamente para essa realidade: todo tipo de vida
morre para poder renascer. Sem túmulo não há ressurreição.
Uma fé que não morre
deixa de ser fé e passa a ser convicção: prisão dos tolos que pretendem
perpetuar a verdade transitória de cada geração. Uma fé que não morre vira
certeza e sufoca a fé, porque a certeza não precisa de fé.
Com isso não pretendo
uma fé líquida. Ao contrário, a única fé sólida é a que sabe morrer para
ressuscitar.
Não nego, a morte é
dolorida e desestabilizadora. Ela coloca o mundo em
desordem. Foi assim com os discípulos de Jesus, por exemplo. Quando o Mestre
morreu tudo virou pó e se desencantou.
Foram dias de puro caos. Mas é exatamente do “sem forma e vazio” que nascem as coisas, ensina a fé judaico-cristã.
O encontro com o Jesus Ressurreto ressuscitou a fé de seus discípulos. Recém-nascida, se preparou para o mundo refeito, revisado e reformulado. Só pode viver num mundo sempre novo a fé que se renova sempre.
A morte de Jesus ensina: não se iluda com a ideia do “para sempre”. Para a vida continuar é
preciso morrer. Uma fé que vive para
sempre não é fé, mas ilusão.
Claro, para lidar com
essa realidade é preciso ter coragem de perder o chão por alguns dias. Muitos
não têm, e preferem se iludir com a perpetuação de uma fé que já não tem conexão com a realidade, mas que pelo menos continua a fornecer um
chão.
Mas alguns têm
coragem. Alguns permitem que a fé morra, na esperança da ressurreição para o
novo. Essa é a única atitude para quem quer uma fé ligada com a
realidade. Só uma fé transitória e precária pode se conectar com uma vida e um
mundo transitórios e precários.
Fé não é acreditar sempre na mesma coisa, isso é ingenuidade. Fé é apostar que a morte é apenas o anúncio da vida que está por vir.
Lucas Lujan
Bem dito, Lucas. Assim como nós passamos por transformações, nossa fé também precisa passar. Ela necessita de páscoas constantes. Mortes e ressurreições ao longo da nossa caminhada.
ResponderExcluirÉ isso.
ExcluirObrigado! :)
Genial! Tenho a impressão que em muitos momentos temos que ser uma fênix de nós mesmos e da nossa fé!! Reinvenções.....
ResponderExcluir:)
ExcluirTenho a mesma impressão. Às vezes precisamos deixar morrer o que nos desumanizou para sermos humanos novamente.